Raabe, a meretriz
Hebreus 11 é a
galeria dos heróis da fé, cita apenas duas mulheres pelo nome: Sara, a esposa
de Abraão (v. 11) e Raabe, uma meretriz de Jericó (v. 31). Sara era uma mulher
temente a Deus, esposa do fundador do povo hebreu , e Deus usou seu corpo
consagrado para dar à luz Isaque. Raabe, por sua vez, era uma gentia ímpia que
adorava a deuses estranhos e vendia seu corpo. Em termos humanos, Sara e Raabe
não tinham nada em comum. Mas do ponto de vista divino, Sara e Raabe
compartilhavam a coisa mais importante da vida: as duas exercitaram a fé
salvadora no verdadeiro Deus vivo.
Porém, a
Bíblia vai ainda mais longe e relaciona Raabe ao Messias! Ao ler a genealogia
de Jesus Cristo em Mateus 1, encontramos o nome de Raabe na mesma lista (v. 5)
que os nomes de Jacó, Davi e de outras pessoas famosas da linhagem messiânica.
Sem dúvida ela percorreu um longo caminho de prostituta pagã a antepassada do
Messias.
Neste ensaio,
gostaria de chamar a sua atenção para a fé de Raabe. Surge a intrigante pergunta:
Como pode uma meretriz ter fé? É possível? Como era a fé de Raabe?
1. Uma fé
corajosa (Js 2.1-7)
Tanto Hebreus
11.31 quanto Tiago 2.25 mostram que Raabe havia depositado sua fé no Deus
Eterno antes de os espias chegarem a Jericó. Jericó era uma das “cidades
estados” de Canaã, cada uma delas governada por um rei (cf. Js 12.9-24). A
cidade ocupava cerca de 8 ou 9 acres, e há evidências arqueológicas de que era
protegida por uma muralha dupla, cada parte separada da outra por uma distância
de cinco metros. A casa de Raabe ficava nessa muralha (Js 2.15).
Quarenta anos
antes, Moisés havia enviado doze espias a Canaã, e somente dois deles haviam
apresentado um relato favorável (Nm 13). Josué enviou dois homens para espiar a
terra e, especialmente, para obter informações sobre Jericó. Queria descobrir
como os habitantes da cidade estavam reagindo à chegada do povo de Israel. De
que modo os dois espias entraram na cidade sem ser imediatamente reconhecidos
como forasteiros? Como encontraram Raabe? Ao ver esses acontecimentos se
desenrolando, somos compelidos a crer na providência divina. Raabe era a única
pessoa em Jericó que cria no Deus de Israel, e Deus levou os espias até ela.
É
impressionante como Deus, em sua graça, usa pessoas que, a nosso ver, jamais
poderia servi-lo (1 Co 1.27-29). Raabe colocou sua vida em perigo ao receber os
espias e escondê-los, mas esse fato, em si, mostra sua fé no Senhor. É
impossível ocultar a fé salvadora pó muito tempo. Uma vez que aqueles dois
homens representavam o povo de Deus, ela não teve medo de ajudá-los. Se o rei
tivesse descoberto a dissimulação de Raabe, ela teria sido executada como
traidora.
2. Uma fé
confiante (Js 2.8-11) –
A fé vale
tanto quanto aquilo que se crê. Há quem creia na fé e pense que pelo simples
fato de crer pode fazer maravilhas. Outros crêem em mentiras, o que na verdade
não é fé, mas sim superstição.
“A fé
manifesta-se em toda a personalidade”. A verdadeira fé salvadora não é apenas
uma proeza resultante do esforço intelectual pelo qual nos convencemos de que
algo é verdade, quando não o é. A verdadeira fé salvadora envolve “toda nossa
personalidade”: a mente é instruída, as emoções são estimuladas e a vontade age
em obediência a Deus.
Veja isto
exemplificado na vida de Raabe: Ela sabia que Jeová era o Deus verdadeiro [a
mente]; ela temeu por si mesma e sua família quando soube das grandes
maravilhas que ele havia realizado [as emoções] e ela recebeu os espias e
implorou pela salvação de sua família [vontade]. Portanto, toda a personalidade
deve estar envolvida, caso o contrário, não se trata de uma fé salvadora
conforme descrita na Bíblia.
Quando disse:
“Bem sei que o Senhor vos deu esta terra” (Js 2.9), Raabe demonstrou mais fé do
que aqueles dez espias quarenta anos antes. Sua fé baseava em fatos e não
apenas em sentimentos, pois ela ouviu falar dos grandes milagres que Deus havia
realizado, a começar pela divisão das águas do mar Vermelho no êxodo.
“Porque o
Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra” (Js 2.11). Uma
confissão de fé tremenda, vindo dos lábios de uma mulher cuja vida havia sido
cativa da idolatria pagã! Raabe creu no único Deus e não no panteão de deuses
que habitavam os templos pagãos. Creu que Ele era um Deus pessoal (“vosso
Deus”), que agiria em favor daqueles que confiavam nele.








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